quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Meias de compressão

Fonte: www.webrun.com.br


A última novidade no arsenal de equipamentos para os corredores é a meia de compressão, que definitivamente entrou no mundo da corrida após a britânica Paula Radcliff pulverizar o antigo recorde da maratona, no final da década passada, quando venceu a Maratona de Londres usando o famoso acessório. Há muito tempo utilizadas por cirurgiões vasculares para a melhora de sintomas de uma série de condições médicas vasculares, como veias varicosas, veias incompetentes, doenças vasculares periféricas e dores em panturrilhas por edema periférico.
A ideia foi "importada" pelos fabricantes para o mundo da atividade física partindo do mesmo pressuposto: se as meias cumprem a função de auxiliar estes pacientes no que diz respeito à melhora do retorno de sangue a partir dos membros inferiores de volta para o coração, então devem também auxiliar os corredores durante treinos e competições da mesma forma, proporcionando um bombeamento mais efetivo do sangue que desce para as pernas e pés de volta para o coração.

Sem dúvida que a pressão contínua sobre a panturrilha deve promover uma melhora neste movimento sanguíneo de volta ao coração, mas a própria contração muscular já promove esta ação, além da superfície plantar, quando comprimida durante cada passo. Outras alegações surgiram com a comercialização maciça das meias, como a diminuição da fadiga muscular, do inchaço das pernas após treinos mais longos e prevenção de lesões. O apelo estético também foi amplamente utilizado.

A ocorrência de veias varicosas, as chamadas varizes, tem como fator principal a genética, sendo que os outros fatores como obesidade, uso de anticoncepcionais e fumo também influenciam, mas são menos importantes. Portanto, o simples uso das meias de compressão não será suficiente para reverter a maior parte dos casos, mas pode ajudar.

A diminuição da sensação de fadiga, cansaço, e inchaço das pernas ocorre devido à ação de compressão contínua da musculatura pela ação das meias e a prevenção de lesões supostamente tem sua justificativa baseada na ação das meias em diminuir a vibração muscular da panturrilha. Portanto não haveria uma grande ação muscular de tração sobre o osso e não causaria pontos de microfraturas, que poderiam evoluir para tendinopatias ou até mesmo fraturas por stress. De qualquer forma, ainda não existem estudos conclusivos sobre estas alegações.

As meias de compressão vieram para ficar e devem continuar a ser utilizadas por uma legião de corredores. São mais efetivas as que possuem o "pé", ao contrário dos "pernitos" e "manguitos", a versão para membros superiores, que não proporcionam pressão desde o pé ou a mão e desta forma causam o "estrangulamento" de duas regiões na perna: logo abaixo do joelho e pouco acima do tornozelo, e no membro superior: acima do punho e no meio do braço, atrapalhando assim o retorno venoso. E mais importante, após seu uso não se deve deixar uma marca de garrote no topo da perna, o que mostra que a pressão está acima do que é recomendado para aquela pessoa e, portanto, a meia não está exercendo seu papel.

Mesmo sendo um assunto ainda polêmico e cheio de controvérsias em suas alegações, as meias de compressão podem trazer benefícios para milhares de corredores, desde que utilizadas corretamente e cada um respeitar seus próprios limites. Ainda que representem um avanço tecnológico, as meias não substituem um preparo adequado, treinamento de força concomitante, e o respeito à progressão lenta e gradual do volume, intensidade e frequência dos treinos de todos nós corredores.

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